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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Texto de Arnaldo Jabor sobre namorofobia...muito interessante...





      A praga da década são os namorofóbicos.
      Homens (e mulheres) estão cada vez mais arredios ao título de
namorado, mesmo que, na prática, namorem.
      Uma coisa muito estranha. Saem, fazem sexo, vão ao cinema,
frequentam as respectivas casas, tudo numa frequência de
namorados, mas não admitem.
      Têm alguns que até têm o cuidado de quebrar a constância só para não criar jurisprudência, como se diria em juridiquês.
      Podem sair várias vezes numa semana, mas aí tem que dar uns
intervalos regulamentares, que é para não parecer namoro.
      - É tua namorada?
      - Não, a gente tá ficando.
      - Ficando aonde, cara pálida?
      Negam o namoro até a morte, como se namoro fosse casamento,
como se o título fizesse o monge, como se namorar fosse
outorgar um título de propriedade.
      Devem temer que ao chamar de namorada(o) a criatura se
transforme numa dominadora sádica, que vai arrastar a presa
para o covil, fazer enxoval, comprar alianças, apresentar para
a parentada toda e falar de casamento - não vai.

      Não a menos que seja um(a) psicopata. Mais pata que psico.
      Namorar é leve, é bom, é gostoso. Se interessar pelo outro e
ligar pra ver se está tudo bem pode não ser cobrança, pode ser
saudade, vontade de estar junto, de dividir.
      A coisa é tão grave e levada a extremos que pode tudo, menos
chamar de namorado. Pode viajar junto, dormir junto, até ir ao
supermercado junto (há meses!), mas não se pode pronunciar a
palavra macabra: NAMORO. Antes, o problema era outro:
CASAMENTO. Ui. Vá de retro! Cruz credo! afasta.
      Agora é o namoro, que deveria ser o test drive, a experiência,
com toda a leveza do mundo. Daqui a pouco, o problema vai ser
qualquer tipo de relacionamento que possa durar mais que uma
noite e significar um envolvimento maior que saber nome.
      Do que o medo? Da responsabilidade? Da cobrança? De gostar?
      Sempre que a gente se envolve com alguém tem que ter cuidado.
      Não é porque "a gente tá ficando" que não se deve respeito,
carinho, cuidado. Não é porque "a gente tá ficando" que você
vai para cama num dia e no outro finge que não conhece e isso
não dói ou não é filhadaputice. Não é porque "a gente tá
ficando" que o outro passa ser mais um número no rol das
experiências sexuais - e só. Ou é? Tô ficando velho? Paciência...


By Lê

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